Neuroplasticidade ajuda a revelar artista e professor

Projeto realizado na UEM foi ponto de partida para o reconhecimento do talento de Edvan Dias de Souza

Por Murilo Benites

Edvan Dias de Souza, que nasceu com paralisia cerebral, foi escolhido, em 1999, como o principal objeto de um estudo que buscava descobrir se era possível ensinar modelagem e escultura em argila para pessoas com deficiência, tentando promover o desenvolvimento da neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro em fazer mudanças e refazer conexões.

Hoje, com 35 anos, Edvan não apenas provou ter evoluído na sua capacidade motora e adquirido grandes habilidades, como se tornou um verdadeiro artista, realizando diversas exposições e, pela segunda vez, ficando entre os dez melhores do Brasil no concurso nacional de arte da revista “Sentidos”, destinado a pessoas deficientes.

Valmir Batista da Silva, idealizador do projeto da UEM, diz que foram realizados seis anos de trabalhos e estudos, baseados em metodologias práticas. “Percebemos que a arte e a neuroplasticidade caminham juntas. A modelagem e a escultura estimulam os neurônios, e foi isso que constatamos com o trabalho feito com o Edvan”, afirma.

Em 2005, foram selecionadas para a Mostra Paranaense de Artes Visuais da Região Norte, duas obras de Edvan. A comissão julgadora do concurso, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, não sabia da paralisia cerebral do artista e ele foi o único com deficiência motora classificado. Esse fato foi o início do reconhecimento em grande escala do talento de Edvan.

Segundo Valmir da Silva, todo ano são feitas diversas exposições que mostram a arte produzida por Edvan. “Acabamos de fazer uma mostra no Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), juntamente com artistas italianos e outros artistas maringaenses. Ainda pretendemos fazer pelo menos outras duas exposições esse ano.”

Além de ganhar destaque e se consolidar como um artista profissional, há quatro anos Edvan é professor do laboratório de escultura “Arte e neuroplasticidade” da UEM, que é direcionado não apenas a deficientes, mas também a toda a comunidade. Ele ainda é presidente do Centro de Vida Independente (CVI) de Maringá, uma Organização Não-Governamental (ONG) que viabiliza meios para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência.

Na UEM, Edvan também coordena o projeto “Arte e inclusão”, que, esse ano, foi escolhido pela lei de incentivo à cultura do município. Com isso, ele passará a ter suporte financeiro para atuar, em 2009, como produtor cultural em Maringá.

As aulas ministradas por Edvan são gratuitas e ocorrem na segunda, quarta e sexta-feira, na UEM, Avenida Colombo, 5.790. Jardim Universitário, Bloco 6, sala 1, das 14 às 17 da tarde.