Vindo de Recife e há 37 anos em Maringá, Edmundo Queiroz de Albuquerque enfrentou com êxito o desafio de, entre outros feitos, ser o primeiro a encabeçar a divisão de relações públicas, imprensa e cerimonial da UEM
Por Murilo Benites
O pernambucano Edmundo Queiroz de Albuquerque se diz recifense de nascimento, mas maringaense de coração. E não é para menos. Em setembro de 1973, Albuquerque mudou-se para a cidade, mal sabendo que sua vida tomaria rumos que viriam a consolidar seu nome como uma peça fundamental na história da comunicação maringaense.
Tudo começou meses antes, em um encontro de reitores das universidades brasileiras, em São Luis do Maranhão, no qual José Carlos Cal Garcia, então reitor da UEM, esteve presente. Albuquerque lembra que entregou seu currículo a Cal Garcia, pois, apesar de certa experiência em comunicação (inclusive na assessoria de comunicação da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE), estava em busca de emprego na área, já que, naquele momento, trabalhava como bancário.
Por obra do acaso, o banco transferiu Albuquerque logo para Maringá, onde Cal Garcia, o primeiro reitor da UEM, planejava instaurar uma divisão de comunicação. “Só sei que o reitor da UFPE, Marcio Nilo de Barros Lins, se encontrou com o Cal Garcia e me indicou. Ele solicitou ao banco que eu fosse cedido por um período determinado e acabei sendo contratado para voltar a trabalhar com comunicação. Fiquei muito feliz, pois a minha paixão e formação nunca foi de banco, mas sim de comunicação”, conta Albuquerque.
O reitor resolveu unir as forças de Edmundo às de Clarinha Brilman, até então chefe de gabinete da reitoria. “Quando eu cheguei, aí, de fato, por decreto, foi criada a divisão de relações públicas, imprensa e cerimonial”, lembra Albuquerque. Ele exalta a importância do papel de Clarinha, que era entrosada com a sociedade maringaense e passou a encabeçar também as relações da divisão com colunas sociais, coligações com jornais e reitoria.
Na recém-criada divisão, logo passou a ser produzido um release com os acontecimentos da universidade, que saía impresso todos os dias para os veículos de imprensa, divulgando as novidades para a comunidade externa. Albuquerque também lembra que, em agosto de 1974, foi inaugurada a revista Unimar, que posteriormente passou a se chamar Acta Scientiarum (e que existe até hoje). “A Unimar passou a ser a literatura magna na UEM, pois foi com ela que passou a se firmar internacionalmente o trabalho dos nossos professores”, explica.
Além disso, Albuquerque também foi idealizador do Núcleo de Recursos Audiovisuais (Nurav). “Nós tínhamos um acervo grande de material fotográfico e cinematográfico e os professores vinham buscar imagens no nosso acervo para ministrar as aulas. O Nurav (atual NAV) foi muito importante e eu acompanhei o desenvolvimento dele”, relata.
Alegrias e dificuldades
Albuquerque trabalhou na divisão por oito anos, acompanhando toda a gestão de Cal Garcia e de seu sucessor, Rodolfo Purpur. “Então eu me retirei do campus, pois o tempo em que eu havia sido cedido pelo banco expirou e eu tive que voltar. Aí, não tive mais contato com o setor de comunicação da UEM”, completa.
No entanto, Albuquerque lembra daquele tempo com muita alegria e emoção: “Nós tínhamos um time muito bom. A universidade era gostosa de trabalhar. Nós tínhamos um clima ótimo, era um ambiente de muita liberdade e muita criatividade”. Por outro lado, ele salienta que aquela também foi uma época de muitas dificuldades. “O Rodolfo Purpur pegou um período absurdo, em que a universidade enfrentou uma grande crise e quase fechou, por falta de recursos. Além disso, tudo era muito mais difícil naquele tempo. Nós pagamos um preço muito grande para que hoje em dia essas novas gerações tenham essa beleza de tecnologias que hoje estão aí”, comenta.
Em meio a tantas dificuldades, Albuquerque afirma que trabalhar na universidade em tempos de ditadura militar no Brasil não representou grande empecilho. Segundo ele, o serviço de inteligência do exército, conhecido como S2, mantinha uma sala na reitoria, mas a convivência era pacífica. “Esse pessoal não falava muito com a gente. A sala do S2 tinha uma luz vermelha na porta, que quando ficava acesa indicava que não era permitida a entrada. Normalmente era porque eles estavam tratando de algum assunto importante ou entrevistando alguém. Nas nossas publicações, em particular, nunca houve nenhuma influência”, explica.
Pioneirismo
Mas não foi apenas na UEM que Albuquerque foi precursor da comunicação maringaense. Após deixar a divisão de relações publicas, imprensa e cerimonial já estruturada, ele não trabalhou muito tempo como bancário. Foi logo contratado pela cooperativa agroindustrial Cocamar, onde ajudou a criar uma assessoria, nos moldes similares aos da existente na universidade.
Em 1989, Albuquerque foi convidado pela prefeitura especialmente para criar uma assessoria de comunicação social. “Fiz todo o projeto dessa secretaria e o prefeito criou o decreto oficial, que está em vigor até hoje”, conta. Além disso, a primeira agência profissional de publicidade que surgiu na cidade foi por ele criada.
Seus feitos como comunicador, não só em Maringá, lhe renderam uma merecida homenagem. Há menos de um mês, Albuquerque recebeu uma homenagem em Pernambuco, tendo seus feitos relatados em um livro sobre meio século de TV pernambucana, onde também atuou.
Hoje, aposentado e com sensação de dever cumprido, Albuquerque diz fazer “ponte aérea” entre Maringá e sua outra cidade do coração, Recife.
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UEM como fonte de informação
Desde a sua criação, com o pioneiro Edmundo Queiroz de Albuquerque, a divisão de imprensa da UEM cresceu e se desenvolveu e, em 1990, se tornou a Assesoria de Comunicação (ASC).
Hoje, a ASC representa o elo que liga a UEM às comunidades interna e externa, tornando-se também um canal permanente entre a Instituição e a mídia. Atualmente, fazem parte da ASC, a Coordenadoria de Imprensa (CIM), a Coordenadoria de Promoção e Relações Públicas (CPR) e a Rádio Universitária FM (UEM-FM).
A pedido do Jornal da UEM, três profissionais foram convidados a falar sobre a relação da imprensa com a UEM e de que forma eles vêem a UEM como fonte de informação.
QUEM É
Manoel Messias Mendes
Jornalista há mais de 30 anos. Começou como office boy na redação da Folha do Norte, posteriormente se tornando foca e repórter esportivo. Fez reportagem policial e trabalhou por oito anos na Folha de Londrina. Foi correspondente de O Globo quando o Grêmio Maringá disputou o Campeonato Nacional e primeiro repórter de rua da TV Cultura de Maringá, além de ter sido comentarista da Rádio CBN no ano de 2002.
Há pelo menos 20 anos, Messias atua no jornalismo político, tendo cobrido várias eleições e, nos últimos anos, atua como assessor de imprensa de candidaturas.
O QUE DISSE
Cubro a UEM desde o seu nascimento, quando a reitoria era no 9o. andar do Edificio Atalaia e o reitor era Carlos Cal Garcia, que entrevistei algumas vezes como repórter da Folha de Londrina. Sempre tive uma boa relação com a Universidade de Maringá, onde fiz dois cursos - Estudos Sociais (licenciatura curta) e História. Junto com acadêmicos como Reginaldo Dias, Jairo Carvalho e Claudemir Romancini, fundei o Centro Acadêmico de História Nadir Cancian, sendo o seu primeiro presidente.
Como jornalista, acho que a UEM sempre foi uma das principais fontes de notícia da cidade. Mais do que isso: de noticias qualificadas. E essa convivência de repórteres que vinham buscar informações na reitoria ajudou inclusive a qualificar mais o jornalismo local, porque, afinal, as pautas nos conduziam a entrevistas com grandes personagens do mundo acadêmico nacional. Enfim, eram os jornalistas se relacionando com intelectuais e, claro, aprendendo muito com eles. Eu, por exemplo, me sinto gratificado por ter tido a oportunidade de entrevistar professores do nível de Florestan Fernandes, Edgar De Decca e Paulo Freire.
A UEM sempre manteve uma assessoria de imprensa afinada com os veículos de comunicação. Assessorias que facilitavam nossa busca por noticias da instituição e abriam caminhos para boas entrevistas como a que fiz com o professor Florestan Fernandes, numa de suas vindas a Maringá para uma aula inaugural.
Some-se a isso o fato de que a UEM é, mais do que uma referência do conhecimento na região, um orgulho para todos nos maringaenses, face principalmente o peso que ela tem como instituição , regional e nacionalmente.
QUEM É
Michael Vieira da Silva
Diretor de Conteúdo de O Diário do Norte do Paraná e do site odiario.com. Começou ainda adolescente a trabalhar no jornal, até assumir, aos 21 anos, a direção da Redação. É graduado em Administração e pós-graduado em Gestão de Empresas de Comunicação Social, pela Universidade de Navarra (Espanha).
O QUE DISSE
A relação do Grupo O Diário com a Universidade Estadual de Maringá sempre foi profissional, pautada na honestidade e na independência, que ambos tanto prezam. As plataformas de mídia de O Diário, como produtoras de conteúdo jornalístico; e a UEM, como produtora de conteúdos científicos, têm o mesmo objetivo: o de promover a democratização da informação, para melhorar a vida das pessoas.
Nesses últimos 36 anos — a UEM foi criada cinco anos antes do jornal —, podemos afirmar que as páginas de O Diário contaram a história da universidade, do seu desenvolvimento, das suas conquistas e das suas descobertas, assim como também deu ressonância às criticas construtivas e apontou problemas, sempre com respeito e responsabilidade.
Por outro, as informações geradas na UEM e pela UEM e seus profissionais também sempre encontraram as páginas do jornal abertas para publicação. São raras as semanas em que não encontramos o nome da universidade ou de professores da instituição no jornal. E não vai aí nenhum favor nosso, mas sim uma importância merecida e necessária.
QUEM É
Elci Nakamura
Formada em Comunicação Social na UEL. Foi repórter, produtora, editora e chefe de redação da TV Cultura de Maringá. Atualmente é Coordenadora de Jornalismo da CBN Maringá.
O QUE DISSE
A UEM é uma grande fonte de informação para os veículos de comunicação por ser referência tanto na área de ensino como de pesquisa. Há várias pesquisas e eventos que rendem boas pautas e inúmeros profissionais (professores e pesquisadores) que são ótimas fontes para a produção de reportagens e entrevistas. Para a CBN, que é uma rádio que só toca notícia, é fundamental existir uma instituição como a UEM para informar ao ouvinte sobre o que a cidade produz na área do conhecimento e de pesquisa.